quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

[Será que] ele é "o" cara?

Roberto, o Carlos, cantarola pela milésima vez: "esse cara sou eu". Todos bem que concordam: essa é a música atual mais chatinha, a mais tocada na novela das nove e, também, a mais comentada nas redes sociais. E agora ela veio parar aqui. Claro que não é da música que quero falar. Muito menos detoná-la. Já basta disso! Quero falar sobre o seu significado bonito. Não dos seus versos piegas.  Da boniteza de se pensar num homem apaixonado, que não mede esforços para conquistar e reconquistar sua amada amante.

Daí me recordo dessa canção enquanto penso em dois homens bem diferentes. O primeiro deles, um cara aí,  que dorme e ronca noite a dentro, e não dá nenhum sinal que é ou será "o" cara. O outro, um cara aí, um cheio de bons sinais.
Para efeitos da descrição a seguir, didaticamente eu os dividi em duas categorias, a partir de outra canção, aquela da Rita, a Lee, que é tema-mor do bloguito, desde sempre. Um me lembra sexo. E "sexo é esporte". O outro me lembra amor. E "amor é sorte."

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

mentes tão bem...


Se tem uma coisa que os "poetas" sertanejos e arrocheiros sabem fazer bem é declarar com exaustão suas paixonites agudas, suas dores pelos amores não correspondidos, pelas traições e decepções que vão se multiplicando, que [penso] podem ser frutos das relações líquidas vividas, nos tempos atuais. Essa reflexão a seguir pode valer para todos nós, mulheres, homens e todos os pagodeiros de plantão, sobretudo os que sabem mentir, enganar, fingir e seduzir- pelo simples prazer [leviano e nocivo] de seduzir.

sábado, 13 de outubro de 2012

das vacas magras

Quem dera se magra eu estivesse, exatamente como elas, as vacas, na falta de gado [ops], na falta de pasto verde e alto. O cenário é muito comum, nesse mundão de nordeste sem água: na ausência da grama comestível, as vaquinhas costumam ficar definhadas e tristinhas, pelos cantos, sem muita alegria para correr, amamentar suas crias, exibir suas curvas que se destacam aqui e ali, com as pintas pretas, no meio da pelugem branquinha como uma nuvem...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aos Cadinhos da vida

Esse blog contém cenas reais, fictícias, fragmentos, histórias, tragédias e romances com os Arnaldos, Carlinhos e Zés. Quando foi lançado, nos idos 2010, só pensávamos em pisotear [via escritos] nos cafajestes e malfeitores. Nos homens que nos subestimavam, minavam com nossa estima e com nossa esperança de sermos felizes no sexo e no amor, ao mesmo tempo e se possível, com a garantia da exclusividade no suposto "contrato" da relação.
Claro que de lá pra cá, nos assustamos, nos assombramos, nos indignamos, nos defendemos, aprendemos a dizer NÃO, com a boca cheia, nos recusamos a manter vínculos fakes, com ordinários sem noção.
Mas aí a Globo, com todo o seu poder de sedução no horário nobre, lança uma novela com uma proposta ousada: a de cultuar e validar que homens e mulheres podem [e devem] ter relações paralelas em segundo e até mesmo em terceiro plano.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A morte amorosa

a casa do lago
Chove lá fora. Aqui, não faz tanto frio. Pode parecer triste, estranho, ou mórbido, o título dessa postagem, mas é disse que quero falar. Da tristeza que [nos] dá, quando um amor verdadeiro morre, ou sobre quando alguém que amamos morre, literalmente. Essa impotência para lidar com determinantes como esse [a morte física] nos faz acreditar, ou melhor, duvidar, que haja justiça divina para todas as dores e saudades ocasionadas por perdas humanas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Apenas um desejo de fuga

Queria estar com Matt Damon hoje.
Ele, vestido de Jason Bourne.
Eu, de mocinha, indefesa, insanamente louca pela proteção dele.
Pelo seu par de olhos silenciosos e intensos.
Por aquele "cantinho" de sorriso, contido, que não sai, sabe?
E isso é pretensão, é loucura, é o quê?


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Delírio de Agosto nº 1




Comprovadamente sou uma mulher sem muitas experiências amorosas para contar, acho que por isso escrevo tão pouco neste blog. Acontece que tenho muitas amigas, e elas aprontam muito, e dá uma vontade louca de divulgar suas traquinagens, mesmo por que invejo e desejo muitas vezes que aconteça algo parecido comigo um dia...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ou de chorinhos

Tem homem que gosta de DR. Discutir relação é coisa realmente pra quem gosta. Esse cabra de quem falo, gosta tanto que não se dá conta de que não há mais o que discutir porque, de verdade, a nossa relação já nem existe mais. Ele discutia ao vivo; já faz tempo que vem discutindo à distância, de longe, na escrita, por meio de mensagens subliminares ditas por músicos ou poetas. Pior que finge que está feliz [para sempre] na outra relação. Penso que o que ele gosta mesmo é de sofrer. Poderia ser compositor de samba.

domingo, 29 de julho de 2012

Não foi verdade

Quis logo informar a realidade no título, para não zombarem de mim.
Se isso que vou narrar tivesse mesmo acontecido juro que, por mais aberta e ordinária que eu fosse, eu não teria coragem de contar pra vocês, um mico dessa grandeza, não para vocês, que acreditam ainda em papai noel, em príncipe encantado, em duendes que vivem brincando em jardins etéreos.
Agora, por favor, abram bem os olhos, e tentem imaginar cenas surreais, dignas da sessão da madrugada mais extraordinária que uma mulher, entre quatro paredes ou mais, não deveria ter com um ser que, duvido que seja humano, nomeado aqui de Arnaldo Júnior.

sábado, 30 de junho de 2012

ARGH!

Em festas juninas é comum me defrontar com causos engraçados. Parece que atraio coisas e pessoas esquisitas. Isso, de certo, deve ser pra depois narrar aqui, nessas terras áridas por estórias extraordinárias.
As outras duas parecem mesmo estar de férias eternas. Nem sei mais o que fazer para despertá-las dessa letargia. Ok. Blogar deve ser um ato de liberdade. Deixemos isso de lado.
Vou contar a última das minhas aventuras numa noite de são pedro, pescador famoso.
A festa estava apinhada de gente, biscoitos, enfeites nas mesas, amendoim cozido, cerveja gelada e mais um punhado de guloseimas tradicionais. Tudo aprovado. Tudo gostoso. Churrasquinho feito na hora. Acarajé, também. Tudo quente, tudo limpo, tudo perfeito. Duas bandas revezaram o palco. Entre forrós e arrochas, nos esbaldamos por mais de cinco horas seguidas.
No meio da festança, ele apareceu. Silencioso, com chapéu estiloso, jaqueta de couro, calça jeans e uma camisa de listas, rosa- claro. Cabelos grisalhos. Olhar provocador. Parecia procurar por algo. Ou por mim? Não sei se foi ou é pretensão minha, mas o cara fixou o olhar em mim. Continuei fazendo a varredura nele e foi assim que cheguei nos pés calçados com um par de sapatos brancos.
O susto foi grande.Tive pena dele. A noite estava chuvosa, prometendo borrar qualquer tipo de textura nos pés, com muita terra molhada e grama verde.
O problema foi que não conseguia desviar os olhos daquele elefante branco. Será que ele era o noivo da quadrilha de são joão? Mas, me digam, e noivo usa sapato branco? Isso não é tradição da noiva? Gente, não seria possível alguém escolher um sapato dessa cor!  Concluí que sim, foi um desatino dele.
Enquanto eu enlouquecia com meus pensamentos tortos e sombrios, ele percebeu o meu olhar sobre ele e resolveu brincar de me encarar, também. A minha amiga entendeu a 'quase-paquera' e disse que iria pegar bebida ou ir ao banheiro, não sei ao certo. Continuei ali, parada, incrédula. O sapato do cara não saía dos meus miolos. Queria conhecê-lo. Precisava entendê-lo. Precisava descobri-lo.
Foi então que ele aproveitou que fiquei sozinha e me convidou pra dançar e eu fui, parecendo estar sob o feitiço do par das botinas cor de algodão.
A máxima "por fora, bela viola, por dentro, pão borolento" se aplicou perfeitamente ao causo. Quando ele me enlaçou, senti o cheiro [horrível] de couro vencido, sabe? Do tipo que nunca foi lavado e é guardado a cada verão e retirado do armário sempre no mesmo dia, no inverno de cada ano. 
Tive náuseas com o odor que emanava dele. Depois teve o hálito, tipo: comi, bebi, vomitei, dormi, comi de novo e me esqueci de escovar os dentes, sabe? Que nojo!!!
Claro que evitei me aproximar do corpo dele, emudeci pra não ter que respirar o mesmo ar pesado, e pensei em me afastar no meio da música. Desisti disso. Considerando o contexto e as longas horas da 'quase-paquera', precisava falar sobre o assunto que me levou até os seus braços. 
- Oh... estou com medo de pisar em seus pés.
- Pode pisar!
- Não... seu sapato é branco! Está todo limpo!
- Mas vai sujar... não me importo!
- Sério? Mas por que escolheu essa cor? Você é da área de saúde?
Ele riu alto revelando seus dentes sujos e fétidos. Eu sorri forçado, louca pra desaparecer como um raio.
- Não... eu gosto de branco. E combina com o chapéu.
- Ah....
Eu agradeci pela dança, puxei minha amiga para o outro canto da festa e torci pra chegar em casa logo, sã e salva, pra tomar um belo banho! E viva são pedro, pescador, que não me trouxe amor, nem calor, nem um [bom] sabor.
---
Agora voltem ao titulo e repitam comigo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Encomenda

Uma amiga me chamou a atenção para uma música extraordinária [Cigano/Djavan]. Me pediu para escrever sobre. Comentei que eu não conseguiria escrever sem inspiração, sem uma história minha nela. Ainda assim, diante do pleito, ouvi algumas vezes essa linda canção e aqui está, querida, em sua homenagem!
Na falta da criatividade resolvi comentar a letra, pra quem sabe, aliviar essa tensão minha, sua, nossa, pós ressaca do dia deles, dos enamorados. Um dia faremos nós, inúmeras comemorações, porque definitivamente, o sol nasce pra todos!
Enquanto seu lobo não vem, sonhemos, cantemos, dancemos... o santo antônio já ouviu nossas preces!


Te querer
Viver mais pra ser exato
[exagero dele, né? Conseguimos viver sem um amor. Talvez não consigamos viver em sua plenitude]
Te seguir
E poder chegar
Onde tudo é só meu
[Que louco desejar isso! Não possuímos nem a nós mesmos]

Te encontrar
Dar a cara pro teu beijo
[Beijo se ganha, não se pede, nem se implora... autoestima é importante!]
Correr atrás de ti feito cigano
Cigano, cigano
[é poético, mas não me encanta pensar que terei que correr atrás, suar, mendigar atenção...]
Me jogar sem medir
[olha aí... com os dois pés no ar, o tombo pode ser gigante!]
Viajar
Entre pernas e delícias
[opa.. uma delícia, pensar o ato de amar, assim, sem medidas...]
Conhecer
Pra notícias dar
Devassar sua vida
Resistir
Ao que pode o pensamento
[o grande engano talvez seja esse, o de achar que precisamos conhecer tudo do outro... mas não é o mistério, o que desconhecemos, o que há de mais instigante num novo amor?]
Saber chegar no seu melhor momento
Momento, momento
[Quando é? Como saber?]

Pra ficar e ficar
Juntos, dentro, horas

[uau]
Tudo ali às claras
Deixar crescer
Até romper
A manhã

Como o mar está sereno


Olha lá

As gaivotas já

Vão deixar suas ilhas
Veja o Sol
É demais esta cidade!
A gente vai
Ter um dia de calor... 
[não há mais o que criticar...quando se ama, naturalmente, a gente vê beleza em tudo, e tudo é lindo, contagiante, emocionante, extraordinário de se viver! Até um dia de [muito] calor...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ele, o samurai

Essa história é atemporal, ok? Não imaginem que aconteceu ontem, ou mesmo na semana passada. Ou mesmo se aconteceu. Aliás, o tempo real está tão fora de moda quanto de propósito. Afinal, para que serve um  relógio ou um cronômetro, senão para medir a passagem do tempo? Ou seja, se já passou, não importa quando.
Esse mistério todo é justamente para que entrem na lógica do mundo virtualizado. Pouco interessa se chove, faz calor, se é inverno ou verão. Talvez a lua cheia poderia fazer parte dessa narrativa, já que na noite do dia extraordinário ela estava lá, alta, imperiosa, exigindo loucuras sexuais dos humanos.
Então, já que não é pra falar de quando o evento aconteceu, por que samurai mesmo?
Ah, isso é simples e até divertido contar. Posso contar. 
Dizem que o amor atrai...
Ele, o samurai, é um homem de estatura mediana, quase alto, negro, de cavanhaque bem desenhado, de olhar terno, de mãos grandes e sorriso largo. Me lembra um ator que gosto muito, que agora está em cartaz com Homens de Preto, parte acima de 2. 
Ele, o samurai, tem costas largas, um cheiro de gente limpa, sabe? Que se cuida, que tem higiene, que não vai a um encontro com uma mulher sem antes tomar um banho demorado e passar loção pós-barba.
Eu e ele, o samurai, já nos conhecíamos de velhos carnavais. Quando nos reencontramos, ao acaso, exatamente na atemporalidade característica das relações casuais do século 21, decidimos trocar telefones, para que não nos 'perdêssemos mais de vista'. 
E eu digitei seu número e salvei aleatoriamente. Desse salvar de qualquer jeito, o número dele passou a pertencer a alguém da minha agenda telefônica que tinha o sobrenome-apelido de samurai.
Confesso que tentei modificar, mas como perdi a paciência com o teclado do aparelho, assim permaneceu o codinome beija-flor, digo codinome samurai, com exclusividade só para mim, e pelo visto, para todo o sempre.
Tive que contar para ele sobre seu novo nome, o que nos rendeu muitas risadas e até deu um toque de cumplicidade entre nós, a cada vez que me telefonava; e de lá em diante, passamos a nos comunicar muitas vezes, e ele, o samurai, passou a querer me reencontrar outras tantas.
Não tive paciência de fazer pesquisas mais rebuscadas. Fui então à wikipédia e descobri coisas bem simples, mas interessantes sobre:
  • O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Portanto, sua maior função era servir, com total lealdade e empenho, o Imperador. Eu, imperadora, poderosa? Não, não me vejo assim.
  • (...) Era esperado dos samurais que eles não fossem analfabetos e que fossem cultos até um nível básico. Nossa, o "meu" surpreendeu. Ele é bastante culto! Tem até um MBA em seu currículo. Uau!
  • Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito denominado bushidô (caminho do guerreiro). Segundo esse código, os samurais não poderiam demonstrar medo ou covardia diante de qualquer situação. Aí deu pra mim. Percebi logo que, além de insistente, ele sabe como lutar. A mão dele pousada em minha perna me disse exatamente isso.
Também me dei conta de que Djavan tem uma música com esse título. E finalizo com ela, abaixo, concluindo que há mais coisas a acontecer [bem debaixo dessa ponte], entre o céu e a terra. 
Ele, o samurai, é forte, viril e ficou de me telefonar qualquer hora dessas, pra pousar suas mãos ágeis em mim. 
Tempo, tempo, tempo, tempo... e "ai, quanto querer, cabe em meu coração...".


sábado, 12 de maio de 2012

Pra quem não sabe amar...


...e fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos, parabéns, espere mesmo. O mercado do “amor” está uma lástima! A gente tenta, tenta, tenta e só dá com burros n’água. Os homens que tenho encontrado estão sem romantismo, sem atenção, com os olhos voltados para o próprio umbigo (para não dizer outra coisa). Acabou-se a perspectiva de “cinderelar”, “branca-de-nevezar”, nem Shrek é conto de fadas real. Simplesmente por que, como se não bastasse não existir príncipes e princesas, não existe também confiança, consideração, respeito, olhos nos olhos, mãos dadas, beijo tranquilo. Essas coisas sumiram com a virada do século e com a criação do Facebook.
Fonte: Google, o melhor investigador do mundo.
Os anos 1980 foram os últimos românticos. Cazuza, Renato Russo, que saudade de vocês! Kid Abelha, Leo Jaime, até Titãs com “Sonífera Ilha” fazia mais bonito no romantismo do que essa galera sertanejante de hoje. “Se beber eu fico triste, bebendo eu fico alegre” é a verdade da década. Se a gente bebe um pouquinho, o mundo vai se dissolvendo, dissolvendo, até que aquele feinho, com dente torto, meio orelhudo, perna arqueada e usando camisa de futebol que chegou de mãos dadas com a loira sem sal vira o arquétipo do Adônis, forte e viril, belo e jovem, pronto para viver as fantasias mais loucas com você. Beba um pouquinho mais e já estará esperando o cara sair para pegar uma bebida e você cola, reclamando da solidão de beber sozinha, passa a mão no cabelo, chupa o canudo, sem tirar o olho do ex-feio, e tem ele lhe paquerando toda a noite. Você pode não ter beijado ninguém, mas vai dar cada olhada...
Enfim, desilusão completa com relação ao romance. Homens românticos e interessantes, cadê vocês? Mulheres menos exigentes consigo mesmas, me convençam de que ser passiva é bom! Pelamordedeus! Essa balança anda muito descompensada! E eu também estou com TPM. Meu mal é ser libriana, nunca aponto para um problema sem pensar que ele pode ter sido gerado pelo outro ou por mim mesma. Mas de uma coisa tenho certeza: não fui eu que fiz esse homem que pensou enquanto lia o texto ser como ele é. Os novos e injustos valores pós-revolução feminista cobram um preço grande para a mulher e o romance, condenaram a gente a segurar a onda de nossas escolhas e aguentar a solidão. Sabe do que mais? Aguentarei! Resistirei! E beberei! Muito!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Doce [e intenso] abril

É sobre o fim que quero desabafar. Sobre a dor do fim, de algo que era tão doce, tão lindo, tão fácil de germinar e crescer. Sobre a sensação de impotência que se apoderou de mim diante da história alheia, complexa, cheia de condicionantes.
Não era nem pra ter começado. Claro que era. Não era pra ter acabado, isso sim. Mas insistir num erro é cometê-lo de novo e de novo, a cada beijo trocado, a cada olhar de cumplicidade lançado.
Eu sentirei falta do melhor que havia em nós: os sorrisos, os olhares, os cheiros, os carinhos, os diálogos, o sexo sem pressa, ou aquele urgente.
Era tudo tão natural, tão intenso, que não entendo como vou conseguir apagar da memória dos meus melhores momentos a dois, nos últimos anos.
Ele está em mim, tatuado. Nos quatro cantos da casa o vejo circulando livremente, fazendo alongamentos intermináveis, me fazendo rir ou me fazendo delirar, querendo mais, o desejando mais.
Ontem finalizamos sem reticências. Não haverá continuidade porque não há o que continuar. Antecipei e ele concordou. Dei um basta e ele aceitou.
Foram horas duras de silêncio, de angústia, de vontade de acabar com aquela conversa difícil e partir pro abraço, sem considerar o motivo do encontro. Mas assim não foi.
Ele e eu sabemos que a razão é imperativa, impiedosa e não teme revelias. Como "não sou rebelde porque o mundo não quis assim", seguirei muito triste, mas acreditando que foi uma decisão acertada, embora dolorida. Dor que me dilacerou. Não sei como viverei sem contar mais com possíveis chegadas repentinas dele. O interfone vai emudecer. Vão bater em minha porta somente para receberem o lixo consumido. Ninguém sequer vai perceber que estou um lixo. Sabe aquele tipo de lixo que vai durar uma eternidade para se decompor? É assim que será, porque saudade é igual lixo: não acaba, só aumenta.

agora é cada um, cada um

sábado, 31 de março de 2012

Depois da tempestade...

A razão do meu atual afeto tem nome. Começa com A, como Arnaldo, por exemplo. Sustenta um jeito simples e inteligente de levar a vida. Tem dois filhos. Um casal. Um com 4 e outro com 3 aninhos. O mais velho levou seu nome, mas queixou-se de arrependimento: não carrega o sobrenome Filho. Ele queria isso. Se orgulharia disso.

Ele é alto, magro, sorriso largo. Lindo sorriso. Sorri com os olhos. E fala com os lábios. E com os olhos também. E fala e ri ao mesmo tempo e de um jeito único. Mentira. Já vi esse sorriso-olhos em outro afeto do passado. Mas passou, né?? Não cabem mais semelhanças. Um cheiro maravilhoso. Um  beijo daqueles. Me lembra essa atual novela das 7.

Ah, só mais uma por favor... ok, prometo não explorar tanto... eu e essa mania de querer ver no outro, o outro, aquele que me rejeitou e partiu sem sequer me dizer ADEUS. Antes que eu siga e apenas anuncie um FUI, preciso que saibam que eles dois se parecem demasiadamente. São espontâneos, joviais, espirituosos, dengosos, além de uma forma especial de dizer as coisas com uma tranquilidade e uma paz, absurdas.

Estar ao lado dele, digo, deles dois, me pareceu a mesma coisa. O passado no presente outra vez. Mesma sensação de paz, de aconchego, de ninho. De prazer na medida, sem holofotes, estardalhaços ou seduções baratas.

Mas há algo que o diferencia do anterior. E é isso que mais tenho gostado nele. Além de ser honesto e admitir o tumulto que é sua vida e que ainda assim me quer bem perto, ele carrega um apartamento em seu carro!

Nele, você encontra de tudo. Eu observei cada milímetro do que havia no banco de trás, na frente, nas gavetas... não me arrisquei a ver o que continha no porta-malas. Tive medo de me deparar com algo muito inusitado, a ponto de ficar vermelha ou sem graça. Mas pude ver pares de sapatos, gravatas, camisas, um sabonete ainda fechado, um pote de margarina. De abridor de garrafas a absorvente íntimo. Algo extraordinariamente louco.

Ele é assim. Adora ser assim. Acha divertido viver colecionando utilidades diversas, para fins diversos. Depende apenas do desejo de quem estiver ao seu lado. "Uma cerveja? Ah, pega no isopor... e, ali na frente, se quiser, tem copo descartável e taças também, caso não goste de beber em copos de plástico."

Pode uma coisa dessas? Posso ficar pesada, ao lado de uma criatura dessa? Não. Jamais.

Me contou que ter uma casa, dentro de um automóvel, lhe rende muitas situações hilárias envolvendo caronas, lavadores de carro, e que já teve até que conservar o carro sujo, por dentro, tamanha a parafernália de tranqueiras que carrega, e sem nenhum peso na consciência. Peso mesmo, só em seu carro, que se tivesse que pagar multa por excesso, estaria endividado para todo o sempre.

O meu novo affair sabe fazer muita bagunça e sabe resolver muita coisa. Ele é quase um Magaiver, aquele, daquele seriado lá do passado. Com diálogo simples, direto, com atitude.

"ah, a atitude dele... ah, isso, meu ex-bem, você nunca teve comigo".

E, depois de tanta chuva em meus dias, eu sinceramente não imaginava  ter o sol de volta, com um sorriso lindo nos olhos, só pra mim. Passados alguns meses de muita trovoada, relâmpagos, apagões, enxurradas de lágrimas, entendi, com o novo, que me livrei do peso do passado.

Agora carrego outros pesos, no carro de um homem cheio de histórias, divertido, com seu cheiro bom, e beijo gostoso, com "a letra A, do seu nome", como me diria Nando Reis. Pois é.. a bonança me chama. Tenho que ir. FUI.


sábado, 17 de março de 2012

Na madrugada

A madrugada se faz curta. Há tanta coisa por dizer... Lembrança sublime, saudade, vontade de se ver, se tocar.
Mas o medo venceu o desejo e a razão sobrepôs a emoção.
Almas paralisadas. Uma história interrompida e corações despedaçados.
Cada um vivendo a mediocridade de seu cotidiano, estampando no rosto uma felicidade fictícia.
Não há mais espaço para a dúvida.
E ainda que amanheçam palavras românticas, despertando sentimentos adormecidos, as lembranças de um romance que não vingou só rendem mais frustrações.
Um amor sufocado que insiste em não morrer.

E esses versos dos Paralamas parecem ecoar:

"Por mais que eu pense
Que eu sinta, que eu fale
Tem sempre alguma coisa por dizer
Por mais que o mundo dê voltas
Em torno do sol, vem a lua me
Enlouquecer
A noite passada
Você veio me ver
A noite passada
Eu sonhei com você"

quinta-feira, 8 de março de 2012

Fogões à parte, mais amor, por favor!

Natural começar um texto com uma súplica! Logo hoje, no dia internacional da mulher, uma mulher é quem AINDA precisa suplicar por mais amor, por favor!

Natural, por que? Por que os homens não assumem essa tarefa árdua? Por que os homens não tomam pra si o embate por relações mais amorosas que sexuais? Por que os homens não começam a ditar as mesmas regras que nós, mulheres... e que de agora em diante "sexo, só se for com [camisinha e] amor"?

Indignada. Não consigo mais conviver com tantas responsabilidades. Tantas obrigações. Tantas habilidades. Tantas competências a apresentar!

Parece que a mulher conquistou os postos de trabalho, melhores salários, lugar ao sol nas empresas e fábricas, na informática, na medicina, nas engenharias, na política, nas forças armadas, no jornalismo, no volante, e em tantas outras esferas inimagináveis. Avançamos, mas só um pouco. As mulheres negras, muito menos.

E sem considerar a exceção, via de regra, em casa, a ala feminina é  quem ainda conduz a cozinha, quem é responsável pela limpeza, e também quem sabe programar uma máquina de lavar ou estabelecer uma rotina decente.

Tudo isso ao mesmo tempo. A unha precisa estar sempre impecável, a pele uma seda, os pêlos invisíveis, os fios brancos inexistentes, o hálito refrescante, a cabeça com cabeleira linda e cheirosa, e, obviamente, em dia com as principais notícias, o filho cuidado e sem neuroses e traumas, e além de tudo isso, o melhor sexo do mundo, com direito a novidades sob os lençóis, pra deixar o cabra amarrado. Na cama e nos seus sedutores decotes.

Hoje um colega brincou no facebook e postou um Feliz 8 de Março simplesmente com a imagem de um fogão. Eu curti a brincadeira. Não posso crer que ele leva a sério. Ou é tão sério, que parece irônico? Não sei. Não achei engraçado. Curti porque achei a ironia adequada, tendo em vista o mundo feminino se descabelar pra dar conta do mundo do trabalho, das finanças, além das tarefas do lar, com perfeição, sob pena de perder seu amado marido para a vizinha ordinária, solteira e disponível.

É assim que essas ditas donas de casa moderninhas, com  seus lares perfeitos e maridos infiéis pensam que estão ajudando a construir a imagem da mulher independente, antenada com os avanços da ciência e das tecnologias.

Vivem assim: controlam as contas de e-mails, dos torpedos e ligações. Rastreiam camisas e golas e vasculham nos carros vestígios outros, que lhes indiquem que outras estão brincando com seus brinquedos. Seguem desconfiadas, subjugadas, transando sem vontade, brigando dia sim, dia não, mordendo e assoprando, mas firmes na ideia fixa de continuarem casadas. Onde está o avanço, mesmo?? Comemorar o que, mesmo?

Ou o contrário. Elas fazem de conta que não são traídas, vista grossa e caras de paisagem para as puladas de cerca dos seus maridinhos, caras de madeira, enceiradas com óleo de peroba dos bons. Seguem incrédulas, infelizes, na solidão tipicamente a dois (ou a três?), transando com vontade, desejando muito que os maridinhos voltem a se apaixonar por elas. Onde está o avanço, mesmo?? Comemorar o que, mesmo?

Ou de outro jeito. Sabem que foram e continuam sendo traídas e resolvem dar o troco. Aquela velha máxima  "toma lá, dá cá". E no meio do caminho se perdem, se apaixonam, se decepcionam, se frustram e seguem perdidinhas sem saber pra onde seguir, por que seguir e o castelo bonito com jardim bonito fica insosso. O sexo ganha ares de cinema. Cada um com sua fantasia mais recente. E seguem os dois, com dois mundos paralelos. Infiéis e nada parceiros. Onde está o avanço, mesmo?? Comemorar o que, mesmo?

Ou nada disso. Uma mulher experiente se apaixona por um homem experiente. Separam-se verdadeiramente das suas histórias anteriores. Namoram, viajam juntos, fazem muito sexo com [camisinha e] amor. Decidem seguir juntos e parceiros, mas morar em  casas separadas. Cada um com seu ritmo, suas contas, suas neuras. Cada um com suas receitas de assados e de amor. Cada um com sua pia. Lógico, cada um com seu fogão.

Pensando nesses termos, sim, dá pra pensar em comemorar o dia em que a mulher vai ser igual, em gênero e em intenções amorosas.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Amores ordinários

amor depois...


Gente, a entrevista abaixo foi lida por uma das ordinárias e enviada por e-mail para validação das outras duas. Validamos porque acreditamos, sim, esse tema ainda merece muita reflexão.

A ordinária/autora é uma escritora britânica, das nossas: ama falar de amor e sexo! Segundo a postagem na Folha.comLisa Appignanesi é diretora do Freud Museum, em Londres e já escreveu sobre o conflito entre o pai da psicanálise e as ideias do feminismo. Depois, questionou o aumento no diagnóstico de doenças mentais em mulheres. 


Agora, a premiada autora de "Tristes, Loucas e Más" parte em defesa do amor ordinário. Seu último livro, "All About Love" ("Tudo sobre o amor"), aborda os prazeres de um relacionamento comum. A edição brasileira deve sair em 2013.

Leiam e comentem!!

Abaixo a entrevista na íntegra, extraída daqui!
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Folha - Por que, agora, a senhora resolveu escrever um livro sobre o amor?
Lisa Appignanesi - Quis explorar as diferentes formas de usar nosso impulso de união. É importante, hoje, repensar e reequilibrar as nossas várias ideias sobre o amor.
Como seria esse equilíbrio?
Podemos expandir a ideia de normalidade, encontrar excitação na familiaridade. Podemos pensar no amor não só em termos de tragédia, mas também como uma comédia. Dar risada junto com a pessoa amada é uma boa maneira de renovar o relacionamento. Perdemos a capacidade de perceber os prazeres do amor ordinário.
Não quer dizer que devemos ficar com a mesma pessoa a vida toda. Hoje é fácil se separar, o que é bom. Mas isso não nos ajuda a lidar melhor com a vida amorosa.
Por quê?
Porque está cada vez mais difícil criar histórias de amor que deem sentido ao nosso desejo. Em nossa cultura, pelo menos, criamos muitos obstáculos para isso.
Quais são eles?
Um obstáculo é a relação complicada entre amor e sexualidade. Ok, hoje pode não haver tanta repressão sexual, mas ainda colocamos essas duas coisas em compartimentos separados.
Ficou mais fácil ter satisfação sexual (sem amor), e mais difícil ter uma relação amorosa (com ou sem sexo).
O negócio é a pessoa encontrar a forma mais rápida de satisfazer seus desejos. O sexo é uma mercadoria mais fácil de achar do que o amor.
Outro problema é a obsessão moderna pela felicidade. Ser feliz virou uma obrigação -e o amor (como o sexo, o trabalho, a cultura) só serve se nos trouxer isso. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas não acreditam mais no "felizes para sempre". Então, trocam o eterno pelo intenso, querem algo que as deixe muito loucas, como uma droga, ou as leve a estados profundos de desespero.
Isso traz outra dificuldade, que é o ideal do amor extraordinário, fora do comum. Não temos, ou não usamos, referências do amor ordinário, que é o amor que temos na vida real, com alguns altos e baixos, mas, na maioria das vezes, com seus platôs. Não conseguimos ver nisso material para criar nossa história de amor e ficamos esperando que uma nova pessoa ou uma nova oportunidade nos traga a experiência extraordinária.
É um ideal, que nunca pode ser concretizado?
É também real, mas é só uma parte da história de amor que construímos no decorrer da vida, digamos que são alguns picos. Mas são os que queremos repetir sempre. Porque tudo começa no primeiro amor, a grande experiência da paixão que, normalmente, termina com algum grau de tragédia. É arrebatador porque é uma ruptura com a família, amamos outras pessoas que não são os nossos pais. Isso é realmente fora do comum e nos transforma. Essa experiência acaba sendo o molde do que esperamos encontrar no "verdadeiro" amor.
E também é incentivado pelos ideais do amor romântico...
E por ideais pós-modernos mesmo. Hoje, nossas fantasias não são moldadas exatamente pelo amor romântico, inalcançável, mas pela cultura do excesso. Temos tudo, queremos mais, nunca estamos satisfeitos. As pessoas não gostam de nada moderado, parece que estão perdendo algo. E não temos paciência para os hábitos do outro. Há fases em que o relacionamento é muito irritante.
E vale a pena insistir em um amor que se tornou irritante?
Não. Mas a saída não é a fantasia de que vamos achar outra pessoa que satisfaça todas as nossas expectativas. Não tenho a solução, não escrevi um livro de autoajuda, mas pesquisar sobre isso nos faz lidar melhor com a necessidade de amar e ser amado.
E as pesquisas da neurociência sobre o assunto, ajudam?
Fui criticada por não falar disso no livro, mas a a neurociência ainda tem muito pouco a dizer sobre o amor. Também não quis medicalizar o tema, não tratei do amor patológico. Deixei isso para o próximo livro, sobre os crimes da paixão.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ou dá ou desce!

- Oi
- Nossa, que cheiro bom que vem de você.
- É que cheguei agora... o perfume ainda está na validade!
- Hum... delícia.
- Isso é nome de música?
- Não, você é uma delícia!
- Ah sim... [risos]
- E então, vai me dar um beijo?
- Já?
- Sim... pra que esperar?
- Normalmente você beija uma mulher logo após conhecê-la?
- Não...
- Ah, no carnaval muda tudo?
- É, é carnaval...
- Pra mim, não. Pra mim são duas pessoas se conhecendo no carnaval.
- Ok.
- Ok?
- Vou indo.
- Tá!

Conclusão: ou beije muito ou não se afaste das palavras.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Saudades Daí


-- Moptop - Bom Par - para ouvir enquanto lê --



e eu o olhava do outro lado da bancada
e o cheiro da comida misturava fome com ansiedade
e sentava junto só pra constranger
e contava os minutos para lavar mãos juntos
e saía da sala só para fingir encontros de coincidência
e cruzamos numa entrada
e foi surpresa
e um boa noite puxa uma longa conversa
e a conversa puxa muitas risadas
e a conversa puxa
e no frio ganho um agasalho como uma promessa
e dali a espera
e valeu a pena
e os dias eram mais claros
e nas noites os sonhos eram melhores
e depois aquilo tudo
   o que eu faço com aquilo tudo?
e me sentindo uma exclamação
e eu não olhava mais a bancada
e eu não queria mais sentir o cheiro da comida
e a vida me forçava a encontrar
e eu olhava, olhava e via, via e sentia
e eu queria mudar minha mágoa de endereço
e foi tempo demais pra mim
e o tempo passa
e eu tive coragem
e falei... tudo
e tentei me controlar
e tentei mais
e atendi as ligações
e li os e-mails
e foi meu mal
e foi meu bem
e me rendi novamente
e foi melhor ainda
e gostei demais
e estou esperando pelo próximo encontro
e mesmo com tudo, mesmo com todos
   mesmo comigo
e mesmo assim, me sinto nós daí...

= para o branquinho mais gostável do sul desse país grande demais =

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Acorda, pessoa!


Depois de um período tumultuado, de muita tensão, pensei que, enfim, teria uma noite maravilhosa entre mim e meus lençóis. Quem dera.

Uma novela mexicana. Insônia das brabas. Revirei de um lado, de outro e só consegui cochilar, lá pelas tantas. Excitada, revivi as últimas horas, e na tentativa de esquecê-las, consegui desviar o foco para outra época.

Me lembrei dele, em meio às muitas lembranças quebradas. Imaginei o que estaria fazendo naquele exato momento. Certamente dormindo, roncando, dando boa noite a alguém que não sou eu e lhe beijando distraído na testa. Balancei a cabeça, querendo me livrar dessa triste imagem.

Cobri meus pés. O vento gelado me deu uma angústia. Impaciente, desliguei o ar. Fechei os olhos novamente e não consegui arrancá-lo de mim. Me senti, de novo, traída pelos pensamentos. Involuntariamente, refiz a cena mais linda: ele me olhando nos olhos e reconhecendo os meus desejos. Péssimo lembrar que isso acabou.

Ao invés de lutar contra minha memória, cedi e aproveitei o travesseiro ocioso da direita, que mais uma vez, me fez companhia, ajudando a embalar um bom sonho. Na íntegra, veja só o que eu vivenciei:

"Nós dois, num final de semana romântico! Após três horas de estrada, encontramos a praia menos visitada, cheia de coqueiros lindos, na linha verde, litoral baiano. O sol estava alto. Estendi a toalha e nos sentamos. Poucas pessoas nos faziam lembrar que não era uma ilha deserta. Mas não havia sequer vendedores ambulantes por ali. Um lugar paradisíaco. Ele estava lindo, com seu boné predileto, parecendo uma criança que se sente adulta, com manchas de protetor solar no nariz e nas costas. Corri minhas mãos pelo seu corpo, pra espalhar o produto, e me deparei com seu sorriso largo. Nada foi dito. Ficamos assim, completos, em silêncio, contemplando uma areia branquinha, uma dupla divertida [tentando acertar no frescobol], e, ao longe, o mar revolto."

E o final? Ah, volta ao título!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quando o desespero toma lugar da razão


Desculpe, o título é falso: não estou desesperada, só quero manter a esperança acesa. A pressão é porque me inscrevi num site de relacionamentos e agora entrei no correio eletrônico e tenho 49 mensagens para dar conta. Simples assim. Cada mensagem possui no mínimo 3 perfis para eu analisar do homem que pode ser minha alma gêmea. Isso corresponde a cerca de 147 caras que gostam de ouvir música popular brasileira e estão disponíveis. Será?
Bem, não me lembro quantas outras características eu coloquei nos enormes questionários que preenchi no site. Abria uma folha com 30 perguntas e depois de responder todas o gráfico de avanço pulava de 10% para 11,5%. Sério, acho que levei uma tarde de domingo preenchendo essa salada e não acho que estou desesperada.
Fiquei um pouquinho surtada com tantos e-mails; claro que minha lixeira vai encher sem que olhe um só perfil. Você deve estar se perguntando: por que gastou uma deliciosa tarde ensolarada preenchendo essa porcaria se não quer jogar até o fim? Responderei: não sei. A solidão faz com que a gente se pegue fazendo coisas que não acredita, nos relacionando com quem a gente também não acredita, mas é fato: ela pesa demais, tecnicamente falando.
Ficar sozinha não é opção, mas pode ser também. Vi num filme esses dias um diálogo superbacana, no qual duas moças falavam sobre amores. Uma descreveu a outra como individualista, egocêntrica e indisponível, razão pela qual sempre procurava histórias onde os homens também não queriam nada com a hora do Brasil. Identificação instantânea. Sou isso desde minha primeira relação com meu namoradinho de 12 anos de idade, meio Romeu e Julieta, famílias inimigas coisa e tal. Depois só piorei: noivos, casados, morando longe, em relacionamento sério, até artistas, todos declaradamente indisponíveis. Segundo a teoria do filme, a personagem e eu sofremos com nosso jeito de ser determinante de um destino solitário.
E eu confesso logo: adoro dormir sozinha em minha cama. Quer mais indisponibilidade que isso? Pobre libriana extraordinariamente contraditória; sempre pesando prós e contras, acaba indisponível, mesmo para os perfis cruzados do site de relacionamentos. A pergunta deve ser: porque me inscrevi nesse site de relacionamentos se viver só me agrada? Também não entendo. Talvez o eterno olhar de estranhamento das pessoas "normais" para mim, por eu suportar a solidão sem reclamar (muito). No fundo sei a resposta do porquê esse tal site foi a opção da vez: a culpa é da Globo, a solidão pesa quando Faustão entra na telinha.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Status: viúva

"..amor e ódio, moram juntos, dividindo esse coração?"

Quis me inspirar nos "Dois lados" de Frejat pra conseguir escrever algo palpável. Logo me irritei com a música e a interrompi, imediatamente. Não preciso de músicas, mais. Não preciso de poesias, mais. Não preciso nem de coração, mais.

De hoje em diante, preciso é desacreditar em todos os sonhos românticos que nutri por anos e anos. Me desapegar de todos os castelos de areia. Ora, mas eram apenas castelos de areia! Qualquer onda tola, poderia destruí-los. Por que será que me enganei, achando que eram uma fortaleza? De onde eu imaginei estar cercada de força, de sentimento perene, que sobrepõe tempo, distância, qualquer limitação? De onde entendi que era pra valer, pra sempre, igual do lado de lá?

Não faço ideia de nada. Tudo está destroçado em mim. Não creio mais em nenhuma história de amor. Filmes, novelas, contos, romances... tudo isso vai servir apenas como meras fantasias, imaginadas por seres tolos, que ainda não foram traídos.

A realidade é muito menos cor de rosa. Muito mais tons pastéis. Bege. Mundo bege de homens levianos, sentimentos levianos, traições, mentiras, falsidades. Mundo de oportunidades. Dos casos líquidos. Tempo de 'fast food'. Do toma lá dá cá. Hoje eu tomei um banho extraordinariamente quente. Ou banho de água extraordinariamente fria? Ai, estou extraordinariamente escaldada e fria. Seguirei incrédula, sem a [ilusória] alma gêmea.

fim do lirismo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sessão deles

Sexo é a coisa mais divertida que já fiz sem rir.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Já começou bem...


Promessa é dívida! Prometi em 2012 escrever mais no extra, mesmo q não sejam minhas as palavras. Aí está uma extra descrita - para quem a conhece vai associar logo a pessoa a situação. E quem sabe se todas não somos assim? Ela teria coragem de falar mas eu penso isso o tempo todo também... As unhas douradas são da inspirada amiga e o clique é meu, direto do Rio, charge pescada na primeira Revista O Globo do ano que enfim chegou: 2012 com muito amor e esperança de grandes posts!